quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Atuação do Psicóloga na área Social

          Olá, tudo bem?

      Sempre tive vontade de escrever sobre isso... como Psicóloga e com alguma experiência em CRAS, gostaria que as pessoas tivessem bem claro a função de um profissional de Psicologia na área social.

        Desde 1993, através da LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social), a Assistência Social é reconhecida como política pública e de proteção social, e tem como objetivo garantir direitos e promover a cidadania para aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade social ou que se encontram em situação de violação de direitos.

      Então, em 2004, a partir da implantação do SUS (Sistema Único de Saúde), a Psicologia foi institucionalizada no serviço de proteção social, sendo, o Psicólogo, chamado para compor equipes de referência. E, em 2011, o Psicólogo passou a compor equipes de referência de forma obrigatória, a partir da Resolução nº 17 do Conselho Nacional de Assistência Social a favor da proteção social básica e especial.

        Visto como um profissional necessário para atuar junto á população de necessitados da política de Assistência Social, o Psicólogo irá atuar com compromisso social na perspectiva de garantia de direitos, através de estratégias construídas para efetivar o acesso do cidadão aos direitos socioassistenciais. Esta atuação, por sua vez, passa a ser interdisciplinar, integrada e articulada em rede.         

      A partir daí, o compromisso do Psicólogo na Assistência Social estará voltado á garantia de direitos aos usuários, sem esquecer dos princípios éticos regidos pelo Código de Ética Profissional: respeito e promoção da liberdade, da dignidades, igualdade e integridade do ser humano, a prestação de serviços psicológicos de qualidade, o respeito ao sigilo profissional e o compromisso com o usuário.

       Deve-se levar em conta o contexto familiar, o comunitários e social no qual o usuário está inserido e não apenas levar em consideração as demandas imediatas, sendo que é direito do mesmo ser atendido por uma equipe interdisciplinar. Mas o que é atendimento interdisciplinar? Pode ser entendido como a compreensão exata do objeto de intervenção de cada profissional envolvido, possibilitando compartilhamento de diversas técnicas e práticas, sem desconsiderar as particularidades de cada profissão.

         Assim, o Psicólogo tem como principal objetivo atuar na leitura contextualizada das demandas trazidas pelos usuários envolvidos na situação de vulnerabilidade e violação de direitos vivenciada, e não através do atendimento psicoterapêutico.

      É necessário ressaltar a diferença da atuação em duas esferas de proteção social:
  • CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) - proteção social básica - necessidade de um trabalho predominantemente comunitário voltado à potencialização e prevenção.
  • CREAS (Centro de Referência Especializado em Assistência Social) - proteção social especial - direcionado a situações de desgaste e rompimento de vínculos familiares e comunitários, o que coloca a demanda de uma maior especialização.
        Em relação ao questionamento da atuação clínica na esfera da Assistência Social, não é indicado que os profissionais adotem o atendimento clínico nos CRAS e CREAS, mas que intervenham de forma a utilizar seus recursos técnicos e teóricos de modo a compreender os processos subjetivos que possam gerar ou contribuir para a incidência de vulnerabilidade e risco social de famílias e indivíduos; contribuir para a prevenção de situações que possam gerar a ruptura dos vínculos familiares e comunitários etc.; favorecer o desenvolvimento da autonomia dos usuários da Assistência Social.

        É comum confundir a abordagem psicossocial com a psicoterapia porém, embora este atendimento possa e deva gerar efeitos terapêuticos, distingui-se da psicoterapia pela forma de intervenção e pelos objetivos. Se faz necessário ter claro quais são os objetivos da atuação na Assistência Social e assim balizar as técnicas próprias da Psicologia que serão utilizadas.

           Enquanto a Assistência Social for confundida com assistencialismo e os profissionais da área não fizerem nada para mudar essa visão, de forma conjunta (porque não adianta a minoria tentar...), o real objetivo da equipe de apoio não poderá ser alcançado, o que dificultará ainda mais o exercício das profissões envolvidas. 

          Em cidades pequenas mais ainda, pois é nítido que o interesse político passa por cima de qualquer profissional qualificado, escalando aqueles que caminham no ritmo da "situação" sem se preocupar com o sucesso do serviço oferecido. 

            Temos que pensar que trabalhar com pessoas não é fácil e requer muito mais do que recursos financeiros, porém, o interesse de poucos coloca a maioria das pessoas em posições secundárias, tendo que aceitar o que é oferecido á eles sem reclamar, como se fosse um favor prestado e não mais um direito cumprido.

             Espero ter ajudado a esclarecer algumas dúvidas!!!!!
          
Até mais  

Fonte: Revista Contato Ano 14 - Edição nº81 - Mai/Jun 2012